segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

A moral e os bons costumes









                                  A moral e os bons costumes



               Nesses últimos anos falou-se muito em moral e bons costumes. Que aquilo era amoral, que aquilo outro também e aí fiquei pensando com meus botões? Qual parâmetro usar para mensurar se algo é imoral ou não?

           Seria recorrer aos livros sagrados como  a Bíblia, Alcorão, Vedas, Torá, mesmo sabendo que tanto se mata em nome de Deus?

         A moral segundo os dicionários é parte da filosofia que trata dos costumes, dos deveres, e do modo de proceder dos homens nas relações com seus semelhantes.

             A ciência e a matemática existem independentes dos seres humanos. Desde que os astros e satélites começaram girar em suas órbitas e que Deus depois de sete dias criou tudo.  Sabemos disso desde o catecismo ensinado nas escolas (católicas) claro.

          A moral ao contrário não é descoberta e sim inventada pelos diversos grupos que povoaram e povoam a terra nas diversas eras. E sendo inventada coube ao inventor colocar na lista as coisas que lhe interessavam e deixar de fora o que lhe não apetecia. E vem sempre mudando ao longo do tempo.

          Para nós, homens contemporâneos, andar despidos é amoral, mas para os índios era normal. Bem antes, Adão e Eva andavam para cima e para baixo no paraíso peladões numa boa, só não podiam experimentar uma tal "fruta proibida". Seria o nascimento da moral?

       Desconfio que Deus não inventou a moral. Isso não. Acho que só depois que ficou por aqui com os homens,mandou Moisés anotar os dez mandamentos numa pedra por achar que  estavam bem “enxeridinhos”.

        Mas e na nossa cultura de latino americano, sem dinheiro no bolso, como bem diz a música, como anda a moral? Qual nossa lista, nossos mandamentos?

           É ético e moral um juiz que condenou o principal adversário numa eleição e o retirou do embate democrático dando a vitória ao outro e que depois  aceitou o convite para participar do governo deste? 

          Segunda a cultura futebolística, um juiz que apitar a final de um campeonato, jamais participará da festa do vencedor, com o risco de ser chamado no mínimo de amoral e outros adjetivos mais. 

           Que antes como juiz dizia aos quatro cantos que o caixa dois era crime pior do que a corrupção e agora como ministro fala que é crime menor ou nem é crime?

          É certo um deputado Federal em seu projeto estabelecer doação compulsória de órgãos e tecidos quando pessoas em confronto com agentes públicos de segurança tiverem morte encefálica e cessão de órgão e tecidos em cadáver que apresentar indícios de morte por ação criminosa, depois que o presidente em decreto liberou as armas, mais o salvo conduto para matar do “pacote anticrime” do ministro da justiça?

          Onde anda a moral? Os limites foram alterados ao bel- prazer de uns?

          Vão aí duas historinhas do livro, filosofia em 60 segundos. Talvez com elas ajude-os a ter parâmetros para escolher o que é ética e moral ou não.


                                  Primeira historinha:

            Um belo dia o responsável por uma gare, observou  cinco crianças brincando sobre a linha onde o trem iria passar e que inevitavelmente ia matá-los.  A única saída seria desviar o trem a tempo para a outra linha, no entanto observou que na outra linha tinha uma criança sozinha. O que fazer? Aqui você poderia pensar assim: “Que sacrifique um em prol dos cinco!”.

                               Agora a outra historinha:

           Num hospital infantil havia cinco crianças a espera de transplantes, prestes a morrerem se não recebessem os órgãos necessários a tempo. Um médico preocupado observa pela janela e vê no pátio uma criança sadia brincando. Fica a pergunta:
           Seria possível sacrificar esse em detrimento aos outros? 

           Acredito que sua escolha chegará aos cinquenta por cento. 

           Observe que indubitavelmente, vão ter várias condutas. 

          Acrescente a pergunta, e se fosse seu filho? Agiria da mesma forma?

          O direito a vida é universal e individual, e a moral é subjetivas e muda com o passar do tempo. Sempre protegendo os mais fortes. Mesmo sendo amoral.






sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Sobre a moral






                                                         





                                                          Sobre a moral
 




A ciência e a matemática existem independentes dos seres humanos. Tudo está aí, só precisamos descobrir-las.
A moral ao contrário não é descoberta e sim inventada pelos diversos grupos que povoaram a terra. E sendo inventada coube ao inventor colocar na lista as coisas que lhe interessavam e deixar de fora o que lhe não apetecia.

Por isso, ninguém está na posição de julgar a moral de outra cultura.



quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Resumo






                                                                    Resumo

          Fiz um resumo de um dos capítulos do livro “Poder sem limites” de Tony Robbins onde ele fala de fatores que leva a um corpo saudável por que achei que, o que ele fala é de grande relevância e como faço parte da área de saúde resolvi compartilhar.

          Segundo Tony Robbins, devemos manter o corpo em excelência para conseguirmos o que almejamos. E para manter uma ótima fisiologia para a saúde há seis chaves:
  • 1  Respiração: Tem que ser uma respiração profunda  para estimular o sistema linfático.(Técnica: Inspire e conte um, segure o ar e conte quatro, expire e conte dois).

Porque segurar o oxigênio o dobro?  Para oxigenar e limpar sistema linfático. Porque expirar o dobro? Para eliminar as toxinas. Quando respirar deve começar bem do fundo do abdome. Faça esse exercício uma vez ao dia por dez vezes e verá a diferença

  • 2  Comer alimentos ricos em água. (frutas frescas, vegetais ou seus sucos recém-preparados). Por quê? 80% do seu corpo são constituídos de água.


  • 3-      Saber combinar os alimentos: Alimentos com amido (arroz, pão, batatas e outros) requerem um meio digestivo alcalino, que a princípio é Suprido na boca, pela enzima ptialina. Alimentos proteicos (carne, laticínios, nozes, sementes e semelhantes) requerem um meio ácido para a digestão- ácido hidro clorídrico e pepsina. Lei da química: dois meios contrários (ácido e alcalino) não podem trabalhar ao mesmo tempo. Um neutraliza o outro. Proteína com amido a digestão é prejudicada. E assim roubam sua energia vital. Há espessamento do sangue.  Essa é a dieta do povo americano por isso diz ele, o medicamento mais vendido no EUA é Tagamet uma droga para distúrbios digestivos. A combinação de alimentos certos trata de tudo isso.


  • 4-      Lei  do consumo controlado ou dieta: Você gosta de comer? Eu também. Quer aprender a comer muito? Aqui está: coma pouco. Desse modo, viverá o bastante para comer muito. Coma menos, viva mais. Excelente hábito: Não comer nada além de frutas depois das 21 horas.


  • 5-      Princípio do consumo efetivo de frutas:  Devem ser comidas de estômago vazio. O único alimento que faz o cérebro trabalhar é a glicose. A fruta é frutose que é facilmente transformada em glicose e 95% de água. Então alimenta e limpa o organismo ao mesmo tempo. As frutas ao ser ingerida deve passar rapidamente pelo estômago e chegar ao intestino  onde liberam seus açúcares. Se encontrarem no estômago carnes batatas ou amidos ficam presa lá e começam a fermentar. Assim deve-se comer frutas com o estômago vazio.


  • 6-      Mito da proteína: É mentira dizer que o ser humano precisa de dieta rica em proteína  para manter ótima saúde. Só nos primeiro meses de vida. O leite materno no início tem 2,38% de proteína e depois vai caindo para 1,6%. Após inúmeros estudos, chegou mais ou menos  a quantidade  que precisamos que é de 60 a 80 gramas por dia. Quando tentaram baixar esse número houve inúmeros protestos. Quem? Você? Não as grandes industriais de proteínas. O corpo precisa de proteína como energia? O corpo usa primeiro a glicose das frutas, vegetais e brotos. Então usa amido e depois a gordura. E a ultima coisa usa a proteína. Basta de mito então. A proteína ajuda a aumentar a resistência? Errado. Proteína em excesso dá ao corpo nitrogênio em excesso, que causa fadiga. Nenhum sujeito com corpo modelado, todo estufado de proteína ganha maratona. As proteínas tornam os ossos fortes? Errado. Muita proteína está ligado a osteoporose, degeneração e enfraquecimento dos ossos. A carne tem alto índice de ácido úrico e esse causa gota. Os laticínios muitas vezes são piores. O leite da vaca é bom para os bezerros, não para humanos. Isso foi estudado. A proteína do leite da vaca é a caseína. Não é boa igual a do leite materno que é a lactoalbumina de fácil digestão. Quer cálcio? Coma vegetais verdes, manteiga de gergelim ou nozes- todos tem cálcio e são de fácil digestão. E queijo? São leite concentrados. Iogurte? Péssimo. Requeijão? Nem pensar. Sabe o que colocam para engrossar? Gesso paris. Isso mesmo.


E finalizando esse assunto: A frase você é o que você come, é verídica. Quando nos alimentamos mal afeta nossa fisiologia que afeta nossas percepções e nossos comportamentos e chega até,  segundo Alexander Schauss no livro Diet Crime and Delinquency. Que mudando a alimentação de jovens  delinquentes pode mudar sua periculosidade.  







terça-feira, 29 de maio de 2018

Interdição, Intervenção ou educação?




                        Interdição, intervenção ou educação?











               Num país como o Brasil onde a circulação de mercadoria é feita principalmente por rodovias, era fácil imaginar que uma paralisação desse serviço, a dos caminhoneiros, geraria um desabastecimento rápido levando ao caos. É fato.

               Se eles estão certo nas reivindicações? Com certeza! Pedágios caros, estradas esburacadas, sem segurança, óleo caro Etc. e etc. Poderiam até ter ampliado os pedidos para outros setores carentes também. Afinal moramos num país de péssima distribuição de renda. Não precisa de muito para constatar, é só olhar em volta das grandes e médias cidades o tamanho das favelas.
 
               Grande edifícios sobressai-se  sobre as palafitas das favelas como a cauda de um escorpião  sobre o corpo e o ferrão imponente apontado para o próprio.  Corre o risco de num incêndio, esse enorme corpo fique descontrolado, e a imponência da cauda, o ferrão cause a sua própria morte. Não é difícil imaginar tal coisa.

                Necessitados tem em todos os sentidos.

               Mas mesmo com toda tribulação, tudo se resolveu com um bom diálogo e a boa vontade das partes.
               O que eu não aguento é essa minoria que volta e meia aproveitam de crises para gritarem nas ruas e redes sociais  “intervenção militar já!” .

               A fim de esclarecer algum ponto, pesquisei para ajudar um pouco essa “minoria tresloucada”, que parece que é totalmente avessa a leitura, servirá como dever de casa,  estudar e compreender  as três vezes que o Brasil usou esse artifício, para que, em suas discussões políticas e filosóficas de mesa de bar, não falem tantas asneiras.

               Porque intervenção é sinônimo de golpe.  E golpe militar sempre é necessário o uso da força e das armas e de derramamento de sangue.  E isso acredito eu, que ninguém quer.

                 Intervenções militar no Brasil: Fatos históricos.
                  Resumo:

               1-1889-Marechal Deodoro da Fonseca ( que não tinha nada de republicano)- Mesmo respeitando o velho imperador deu o golpe e proclamou a república com o respaldo da guerra do Paraguai. (leia sobre a guerra). Conseqüência: Uma década de conflitos. Há bastante livro sobre o assunto. Leiam

               2-1920-Chamado de “Tenentismo”, jovem oficiais diziam que a primeira república era corrupta e assim pensando,  juntou-se a “aliança liberal” contra o partido republicano paulista e apresentaram a candidatura de Getúlio Vargas. Nesse tempo não havia a justiça eleitoral, os votos eram abertos. Getúlio perdeu e a tal “aliança liberal” que não era liberal coisíssima nenhuma, com a ajuda dos tenentes tomaram o poder.
 No plano econômico, ocorreu a chamada crise do Encilhamento, caracterizada por uma grande bolha especulativa e inflação alta, devido às políticas econômicas de seu Ministro da Fazenda Rui Barbosa.

               3-1960- Com a guerra fria, e o anticomunismo imperando no mundo, liderados pelos Estados Unidos, Carlos Lacerda por aqui era o seu porta voz. Quando João Goulart disse que queria instituir as “reformas de base”  os militares unidos com a UDN achando que era o inicio do comunismo no Brasil deram o golpe de 1964. Leia sobre esse período também. Implantou-se uma ditadura e houve mortes e torturas. Leiam. Tem muitos livros sobre esse período.

                Leiam e tirem suas conclusões. A história está aí.

               O Brasil não precisa de interdição nem de intervenção e sim de mais educação.

               Eu particularmente sou contrário a esse pequeno clamor, prefiro uma republica democrática, onde os cargos sejam escolhido pelo voto direto e as forças armadas, que tem meu respeito mantenha-se  na função  primordial que está  inciso na constituição e convenhamos, se intervenção militar fosse solução de crise, os americanos seriam os primeiros a exigirem para seu país. E lá a democracia é centenária. Pensem nisso.

               Ainda bem que temos um comandante das forças armadas um homem honrado e de  princípios tranqüilo, republicano e democrático e com vasta experiência em diplomacia e que não dá ouvido a  esse pequeno e estúpido clamor.

               Fico com a frase de Mário de Andrade:

               “O passado é uma lição para meditar não para reproduzir”.


               Marinaldo L batista- 29 de maio de 2018.






quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Meta






                                                               Meta


            Motel beira de estrada.

          -Amor! Você não acha que estamos precisando apimentar nossa relação?

Andreia corpo nu olhava os carros passar em alta velocidade.

Murilo  em direção a pia (Nos hotéis seu costume é usar a pia mesmo), para, e concorda.

          -Devemos tentar o que, por exemplo?
          -Chega aqui!

 Murilo deita na cama, Andreia senta por cima:

          - Filma tudo!
          -Tudo?
          -Nos mínimos detalhes.
Fazem sexo novamente.  Murilo segue o escript: Dá close, tapinhas,  tudo.

          - Agora esquece o aparelho aí.
          -Mas, é um Iphone 6 e custou os olhos da cara!
          -Depois você compra outro, deixa de ser muquirana! Vai!

Murilo joga o celular em um canto.

                                                                              Fichas

O casal que vimos sair agora, pertencem a família  de Duas Cancelas, pequena cidade no fim do mundo.
Andreia é professora primária, tem dezoito anos, pinta o cabelo de loiro claro, acha o “ó do borogodó “ser morena, mas as sobrancelhas não mentem, e é candidata a miss Cancela com chances, é  extrovertida, piolho de academia, corpo malhado e trincado de músculos.

Murilo é Contador das cinco firmas de laticínios da cidade, não gosta de malhar, diz até que a barriga dele é um “calo sensual”, e também fala que “mulher não gosta de homem, gosta de dinheiro, quem gosta de homem é viado”.
Mas tarde tomando café:

          -Não entendi você! Fazer-me perder meu celular!

          -Murilo deixa de ser bobo! E quem iria vazar nossos vídeos para a internet! Hem! Você por acaso?
Ele toma todo o café da xícara e vai para o trabalho.

                                                                       Vírus

Não deu outra. Quem achou o celular não contente em ver os vídeos,  - atualmente não tem graça se não compartilhar, fez upload em vários site no exterior e em duas semanas viralizou.
Já no trabalho Murilo notou alguns colegas olhando-o  de meia jota.

 Cancela ficou em polvorosa. Não era para menos, uma filha da cidade, andando de boca em boca por aí, na maior pouca vergonha.
Nas praças e bares não falava noutra coisa. Onde tinha um grupinho o tema não era outro:
          -Nossa menina, tu viu?  Não! Então veja com teu próprios olhos!
          -Quem diria hem! Parecia uma santa! Santa do pau oco!
          -E como fica a disputa do miss Clube Cancela?
          -Menina, queriam tirar ela, por que você sabe,né, para ser miss do clube de Cancela tem que ser virgem e pura!
          -Pois é!
         -E Murilo hem! Todo sério quem diria! E o gordinho é fera! Você viu que enorme!
         -Pois então! Vamos ver o que vai acontecer!

Noutro grupo de homens:
         -Olha aqui! Que linda! Não tem cara de gato?
          - Hum! Ah! Essa gata lá em casa!
          -E os pais uns bananas! Achavam que a filhinha era inocente!



                                                                  O baile

Estava uma noite agradável. O salão encontrava-se superlotado. Muita gente  de cidades vizinhas devido a repercussão dos vídeos. Todo mundo queria ver Andreia, desfilar. Todas as autoridades locais já sentadas, o prefeito, o juiz, vereadores, comerciantes etc e etc.
A banda tocava sucessos dos anos setenta. Jovens dançando na pista. Como de costume, no intervalo do baile começou o desfile. Pela ordem alfabética entrou Amanda filha do prefeito. Usava um vestido longo branco com pedrarias. Foi de um lado para o outro sem grandes aplausos a não ser a família. O prefeito gritava:

          -Viva a família!

Chegou a vez de Andreia. Vestia um vestido vermelho. Quando desfilou o burburinho foi grande. Muito aplaudida até a saída, quando voltou o rosto e sorriu. O prefeito fez certa observação:

         -Próximo ano vamos proibir entrada de quem não é sócio. E engoliu uma dose de uísque.

As outras desfilaram sem muita euforia. Eram dez.
Chegou a hora do desfile de biquíni. Os rapazes haviam colocado as suas cadeiras em frente a passarela e muitos sentavam-se pelo chão.
Quando Andreia desfilou, o clube quase veio abaixo, de grito já ganhou e chuva de confetes.
O baile continuou enquanto os jurados chegavam a um acordo. Houve discussão acaloradas e passaram um papel ao locutor com o veredicto.

          -A miss do clube Duas cancelas deste ano, começa com a letra A...
O povo aplaudia e gritava.
É sem sombra de dúvida uma bela menina! Amanda!
O clube quase veio abaixo de vaias.


                                                                intimidade

Andreia e Murilo se beijavam no pátio. Toca uma música romântica.
          -Nossa! Bem! Você estava muito gostosa. Foi puro preconceito!
          -Viu! Eu ganhei pelo os aplausos você viu? Isso é que me deixa feliz!
          -Todos os homens aqui, te desejavam!
          -E meu advogado já está trabalhando a todo vapor. Vou processar o motel e toda pessoa que vazou nosso vídeo. Essa cidade hipócrita e cretina! Quem garante que as outras eram virgens? Quem?
         - Mas quem vazou não fomos nós?
         -Mas a ideia era essa, seu bobo! A meta era ficar famosa e ainda por cima ganhar uma grana.

Beijam-se longamente com mil olhos apreciando suas intimidades.





quinta-feira, 28 de julho de 2016

Anotações




                                         Anotações


As “miudezas”, Deus!  Inerentes ao ser humano e ou animais irracionais.

 Das necessidades:

1.       Comer- Necessário para o corpo. Devoramos quase tudo. Predadores.
2.        Defecar (  cagar, obrar, fazer um barro etc.)- Tudo o que entra sai. Formas e cheiros.
3.       Urinar ( fazer  xixi,tirar água do joelho, esgotar), Marca território.
4.        Conversar (fofocar, trocar impressões, confabular etc.). Comunicação.
5.       Dormir (Tirar uma soneca, tirar uma palha, nos braços de Morfeu etc.) Vida especial.
6.        Acordar (levantar-se, abrir a pestana, consciência etc.)
7.        Sonhar (Um dia ainda nos vão proibir), Lembranças e imagens.
8.        Sexo (com amor, sem amor, grátis, pago). Cinco sentidos.
9.       Respirar (Está cada vez mais difícil). Troca de gazes.
10.    Sorrir (As hienas sorriem também). Falso e verdadeiro.
11.   Chorar (O crocodilo chora degustando a presa, nós choramos de felicidade ou de tristeza... De nós mesmo.

  O homem é um ser social?

 Sociais são: as formigas, as abelhas, as bactérias, os vírus e insetos em geral.


quinta-feira, 21 de julho de 2016

História em três atos

 
                                                   


                                 História em três atos



 Cadernos esparramados, copos americanos de borco numa bandeja de plástico, abridor pendurado no barbante, gaveta com algumas moedas à mão, notas maiores no fundo sob uma caderneta amarela, pia com alguns copos sujos, balcão de madeira manchada por todo tipo de bebidas, principalmente a cachaça, a mais vendida indiscutivelmente, depois o chicle que tem figurinha e em terceiro as bolinhas de gude.


Dois engradados de cerveja lhe serviam de acento, pernas balançando, mascava chiclete, de vez em quando uma bola vermelha se formava na boca pintada de batom anil, outras estourava num ploc- ploc e ela a garota dos olhos azuis, voltava a enchê-las soprando, nos deveres de casa.
Na mão uma caneta esferográfica, tinta azul, escrevendo em letras discursivas nas pautas, o rádio pendurado num prego na parede na entrada do WC. Antigamente escrito “mictório” podia-se fazer o número um, depois com a melhora do estabelecimento aumentou-se a área e colocou-se um vaso e agora se podia fazer também o número dois.

 O trabalho aumentou devido à educação e intestinos dos clientes que faziam obras de cores, tamanho e cheiros dos mais variados e absurdos possíveis. Era responsável  pela limpeza. Usava vassoura, rodo, sabão, detergentes, creolina, toda parafernália para se ter um bom ar.

 De mictório passou para WC. Foi num filme que ela viu e gostou. No filme uma loira linda entrava em um bar, beira de estrada, empurrava uma porta que ficava balançando. Essa cena chamou-lhe a atenção. Estava procurando melhorar o ambiente e escreveu “Ambiente familiar”, depois que alguns fregueses quiseram se engraçar prá ela.

 Estudava nas folgas e era no balcão que fazia os deveres de casa. Era a única filha do dono da birosca, que ficava na subida do morro do biscoito, no início da favela do urubu. Pensava no futuro.
O pai, Seu Francisco, vindo do Nordeste, fugindo das secas, montou aquele negócio depois que foi mandado embora da fábrica, tempos difíceis aquele, a classe política não saiam das manchetes, tempo de propinas, corrupções e todas as mazelas inerentes á democracia. Tem país que se pegar um camarada roubando cortam-lhe a mão dizia o pai quando discutia com alguém, e outros até que tem pena de morte. O ruim é que nesses países não se vive em liberdade, como viver assim, presos como passarinhos em gaiolas?

O caso foi que as firmas estavam contratando cada vez menos, e numa leva o pai ficou desempregado e aproveitou o FGTS por tempo de serviço, comprou balcão, freezer, conjunto de mesa, centenas de copos americanos, sinuca e estufa.   Fizemos um puxadinho na frente, fritamos Pé de galinha, moelas, fígados, coxinhas, quibe, pastel de carne, de queijo, todo tipo de frituras, afogados em óleo.
Agora eu tentava organizar o lugar, ficar bacana, apresentável, mesmo sabendo que tinha que cortar gastos, a crise estava braba, jacaré nadando de costas, por sinal, no banheiro o papel  eram pedaços de jornais. Um absurdo achou ruim com o pai, comprou papel higiênico, assim não pode e a categoria do lugar? Hem! Hem! O pai disse que era gasto supérfluo, mas ela bateu pé, tem certas coisas que não pode cortar, e assim ela tomou frente para melhorar o lugar.

Não pai, isso é economia burra, vai contra o negócio, e o pai ouvia, afinal era a única que estudava, a mãe era faxineira a noite nos prédios vizinhos, tinha a sua clientela, tinha feito até no computador da filha um cartão de visitas, Fatinha, faxinas em geral, honestidade em primeiro lugar.

Tinha notado com essas pequenas mudanças a melhora, além do Zezinho pé de cana, de fiinho magrelo, jogador de sinuca, do chapa de caminhão Expedito, de Claudio apontador de bicho, do aposentado da coletoria seu Joaquim, os flanelinhas Paulo e José, agora marcava presença um fotógrafo e um amigo dele que não tirava os olhos de cima de mim.

Ele que deu a dica, faz assim coloca alguns copos americanos no freezer, e serve os fregueses. No meu negócio faço assim.  Vão gostar. E todo dia à tarde sem falta eles chegavam, sentavam-se à mesa do canto, pediam o de sempre, uma porção de fritas, e uma loira gelada.

Depois ficavam fazendo perguntas, onde eu estudava, quantos anos tinha, quantos irmãos, se gostaria de ser modelo, tinha  jeito sim, era esguia, eu ria, e voltava para o balcão fazer meus deveres.
Levei as fritas. O fotógrafo via algumas fotos enquanto o outro me observava. Ele parecia legal. Usava um tênis de marca, bermuda jeans e óculos da okley. Quando nossos olhos se encontravam ele sorria.

“A presidente não tem culpa, ela é honesta, não provaram nada contra ela... “Dizia Feiinho magrelo enquanto mirava uma bola sete.

“Não tem culpa, mas acontecia tudo nas barbas dela”, gritava seu Joaquim aposentado da coletoria.

 A bola saiu lisa e lenta girando no pano verde. Tocou levemente na tabela do canto e ficou cai não cai. Os flanelinhas vibraram. Feiinho bateu o taco no chão. O chapa passou giz nas mãos, giz no taco, debruçou sobre a mesa, balançou três vezes e encaçapou.

“A culpa é desse velho nojento! Funcionário público federal chupadou das tetas do governo! Isso é que você é!  Um Mamador! Um Coxinha! Pilantra!

“ E você é um bolsa família, vermelho, comunista! Um miserável!”
Feiinho levantou o taco.

Os Flanelinhas seguraram um de cada lado.

“Deixa disso! Deixa disso! A verdade é que só tem ladrão! Tinha é que implodir aquele congresso! Aquele antro!”.

Acalmaram-se. O chapa só observava em pé debruçado no taco. Feiinho tirou dez pratas e jogou na mão dele.

Meu pai já disse que não queria jogo de aposta aqui! Sempre dá briga!

A culpa é desse velho... Seu Joaquim quis levantar...

Se brigarem novamente não vai ter aposta...

O jogo voltou. Silencio. Só as bolas caindo, rolando, giz, o radio, fumaça, descarga, tampinhas, olhares e olhares.

Eu agora usava batom,  cabelos penteados, unhas feitas, menstruei semana passada. Foi um sufoco. Umas dores, cólicas. Bicho estranho a mulher. Passei a usar sutiã por que o amigo do fotógrafo não tirava os olhos. Eu assim, meio que gostava.

Foi no sábado. Eles chegaram, pediram o de sempre, e quando abri a cerva, o fotógrafo perguntou se eu não queria tirar umas fotos de teste. Eu disse que ia saber de meu pai, eu era menor de idade, eles falaram que não era necessário, que os pais temem pelo sucesso dos filhos,  que era somente um teste,que se ele mesmo não tivesse saído do interior, batalhado, hoje não seria um publicitário de sucesso, e isso e mais aquilo, e foi desfiando uma conversa sem fim e eu para não ser rude disse que ia pensar e fui para o balcão.

Mas essas coisas são danadas, o ego, a satisfação de ser reconhecida, adorava Self, postava em tudo que é lugar, face, whatsApp, blogs,  é como cupim em madeira. Vai comendo por dentro.
Fechei o bar mais cedo, àquelas horas, vai ficando mais perigoso, fui guardando as mesas, lavando os copos, empilhando os tacos, as bolas, lavar o banheiro, tocos de cigarros, cabelos no branco do vaso, respingo de urina, de fezes, uma imundície, descargas, finalmente apaguei a luz, o cupim, madeira fraca, sonhos, o ego, as amigas da escola, a vida melhor.

                                                                             *

Foi numa dessas voltas contumaz. Gosto de andar pelas favelas a cata de material. Escolho a dedo. Os clientes sempre querem novidade. Aí que eu a vi, estava abrindo o portão de correr, um shortinho curto, uma bunda empinadinha,  gostei. Prometi.  Vai ser minha e de mais ninguém. Terei que chegar com jeito, ela é muito nova, talvez virgem não se sabe. Passei de volta depois, sondando, ela estava no balcão, pensei entrar, desisti não, na próxima vez eu entro, deixa está, e acelerei.

Na segunda vez levei meu parceiro. Ele sabe como atraí-las. Encostei o carango rebaixado, sonsão batendo, as cornetas enchiam a traseira,  junto as caixas ,faziam Tum Tum Tum, ah! Ah! Quase levantava o barraco. Desliguei. O pessoal saiu á janela. Ela ficou olhando desconfiada. Entramos e pedimos uma bebida. Ela veio com aquele shortinho, tudo espremendo, a bunda, a barriga, dividindo.
Discutimos  seus dotes eu e meu parceiro. Ela ficou no balcão olhando de longe. Ela não tem irmão. Menos um empecilho. Pedimos a segunda, e umas fritas. Os peitos pequenos, apontando na blusa de malha. Saboreei a cerveja. No ponto. Foi aí que meu parça iniciou o plano.

Você não quer  ser modelo, tirar algumas fotos, teste, você tem jeito, é esguia, olhos claros e quem sabe a próxima Gisele Bichem, essas coisa e os olhos dela brilharam, eu vi, suspirou fundo, quando ele disse, que modelo viaja muito, conhece outros países, outra vida. Aquilo foi como um raio em sua mente, quase entrou em transe.

Aqui eu sorri, ela baixou o olhar, disse que ia falar com o pai, me apresentei, Ricardo é um prazer, apertei a mão dela, fria, fugidia, retirou-a apressada, pensei: vai dá trabalho, a danada, mas paciência.
Nisso começou uma discussão lá nos fundos. Um velho e um jogador de sinuca. Pedimos a conta. Pagamos e ela pediu desculpa, nada, somos acostumados e saímos.

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Logo depois que saíram fechei o bar, fui falar com meu pai. Minha mãe ainda não tinha chegado. O senhor não pode deixar apostar aí, quase deu briga! Eles rosnam, mas não brigam, os conheço de muito tempo disse meu pai. Eu sei disso, mas pega mal né? Quero fazer esse bar de respeito!  Agora que passou a ser mais bem frequentado.

Mas meu papo é outro! Uns caras aí querem me fotografar, dizem que posso ser modelo, ganhar muito dinheiro, deixou o cartão. Veja. Ele olhou desconfiado, pegou o cartão, sei o que eles querem muito bem! Fique longe deles! O senhor é muito desconfiado, fique sabendo que eles são muitos educados e, além disso, quero estudar, formar, ter uma profissão.

Fiz minha cama para dormir. Demorei pegar no sono. Fiquei desfilando nas passarelas pelo mundo á fora. Lá pelas tantas apaguei, e só agora acordei com o canto do galo. Saltei da cama, desci para o bar, varri tudo, ajeitei as mesas, liguei o rádio, o locutor gritando bom dia para todos, fazia festa, só assim levantou minha moral, fiz uma oração, acendi o fogo, fiz o café comi com alguns biscoitos, enchi a frigideira com óleo, quando esquentou joguei algumas coxinhas , uns pastéis e fui colocando um a um na estufa.

O padeiro trouxe os pães, coloquei na vitrine, assinei a nota, veio o carro da coca-cola, deixou os refrigerantes, depois o da cerveja. Quando tudo acalmou depois que Feiinho chegou, seu Joaquim, Os flanelinhas, o chapa de caminhão, as bolas começaram a rolar, entrava cada uma em um buraco e a tarde ia chegando, o sol caindo, as sombras aumentavam, diminuíam, desapareciam voltavam novamente e caia a penumbra as luzes acendiam e o fotógrafo e Roberto chegaram.

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À noite, as estrela brilham pelas frestas das telhas de zinco. Dormiu pesado, é tanto que ainda não tinha tirado a água do joelho. Abriu os olhos, se esticou no colchão, espreguiçou-se.  Colchão de molas ensacadas, dizia o prospecto das casas baia. Comprou em dez vezes.

 Uma aranha corre no teto branco, do outro lado, perto da lâmpada de quarenta velas, pendurado num fio preto, um pequeno mosquito mexe as patinhas.
 
Interessado empurra a coberta e a unha do dedão agarra na linha do cobertor Paraíba. Isso dar-lhe aflição. Quase grita, mas aguenta calado, observando a cena.

Na vizinhança o portão range. Roncos de motor de carro. Uma Kombi. Depois um fusca. A aranha anda de lado, devagar, fingindo. A linha no lasco da unha. O mosquito quieto. A sobrevivência. Jogados a própria sorte. Caça e caçador. A aranha salta. No alvo.  Faz um novelo. Fim do ato.
 Levanta-se e calça os chinelos. No vaso aponta o jato sobre um pelo escuro.  Porra quase não acerto. Sacode.  Puxa a descarga. Levanta o pé e puxa a lasca de unha.
Lava o rosto. Escova os dentes. O dente deu para doer duma hora para outra. Foi ao dentista. Tem que cuidar! Tem que... O PH, a saliva, gengiva, céu da boca, aftas, dentina, esmalte, açúcares... As bactérias. As invisíveis bactérias... tudo...tudo  jogando contra.

 É foda! Tudo jogando contra.